quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Bactérias modificadas "comem" tumores em teste com animais e humanos



#COMENTÁRIO

Lendo esta reportagem, é impossível não parar para pensar em “PACMAN” um bichinho esfomeado dos antigos games da criançada. Brincadeiras à parte, apesar da esdruxulidade da tese, essa ideia de bactérias comendo partes de células cancerígenas é algo a dar esperanças aos pacientes, muito embora deva ser algo apavorador pensar em um bicho comendo partes de seu corpo.
Esperamos que esses ensaios apresentem logo resultados objetivos e garantidos quando da sua utilização. Uma vez transpostas essas barreiras, não deixará de ser um novo alento aos tão sofridos pacientes portadores de câncer.

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

Como você se sentiria se tivesse um PACMAN percorrendo internamente seu corpo?

Dê sua opinião (clique no título da matéria para comentar).




-----------------------------------------------------------

REINALDO JOSÉ LOPES - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA - 14/08/2014

Injetar bactérias geneticamente modificadas num tumor que já resistiu a vários tratamentos não parece a mais lógica das abordagens, mas foi o que fizeram cientistas nos EUA – e com um grau considerável de sucesso.
Ocorre que os micróbios são capazes de, ao mesmo tempo, "comer" pedaços do tumor e evitar danos aos tecidos saudáveis do paciente, mostra a pesquisa publicada na edição desta semana da revista especializada "Science Translational Medicine". Os resultados, ainda muito preliminares, apesar de encorajadores, foram obtidos em testes com ratos, cães e com uma única paciente humana – outras pessoas devem participar dos ensaios clínicos em breve.
"Ainda estamos na fase 1 dos testes clínicos, cujo objetivo é verificar apenas se a terapia é segura. Ainda não temos como comparar essa abordagem com outros tratamentos contra o câncer, e é cedo para dizer quais tumores seriam mais vulneráveis a ela", disse à Folha o médico Saurabh Saha, da empresa de biotecnologia BioMed Valley Discoveries. A firma pretende transformar as descobertas em produtos caso tudo corra bem.

SEM AR
Saha e seus colegas desenvolveram sua própria variedade, ou cepa, da bactéria Clostridium novyi, que pode causar infecções graves em pessoas e animais. A questão, porém, é que se trata de um micróbio anaeróbico, ou seja, que precisa de um ambiente pobre em oxigênio para se multiplicar. Foi isso que levou os cientistas a pensarem nela como arma. É que o crescimento desordenado dos tumores faz com que, no interior deles, surjam regiões cheias de células com baixo suprimento de oxigênio – células que, aliás, são resistentes à quimioterapia ou à radioterapia. Surgiu, portanto, a ideia de enviar a C. novyi a essas áreas.
Antes disso, porém, os cientistas "deletaram" parte do DNA da bactéria, um gene que normalmente permite que o micróbio produza uma toxina bastante agressiva. As bactérias foram então injetadas diretamente nos tumores – primeiro em ratos com uma forma artificial e agressiva de câncer cerebral, depois em cães que tinham desenvolvido naturalmente a doença e, finalmente, em uma mulher de 53 anos com um tipo de câncer muscular, já em fase de metástase (espalhamento pelo organismo). A abordagem dobrou a expectativa de vida dos ratos e eliminou ou reduziu bastante o tumor em 40% dos cães. O tumor no ombro da paciente humana também ficou praticamente destruído, sem células viáveis sobreviventes. "Até onde sabemos, o mais importante para esse sucesso foi a injeção direta da bactéria no tumor e a preferência dela por ambientes com pouco oxigênio", explica Saha. Com isso, o micróbio atacou apenas a massa de células no interior do tumor.
Houve efeitos colaterais em todos os casos, os quais lembram muito uma infecção tradicional: inchaço, dor e febre. "Quando a bactéria conclui seu trabalho, podemos controlá-la com antibióticos tradicionais", diz o médico.
Para o biólogo Tiago Góss dos Santos, pesquisador do A.C. Camargo Cancer Center, os resultados parecem promissores, em especial por se tratar de um trabalho inicial. "É preciso levar em conta o fato de que os tumores são muito heterogêneos, então é normal que uma única estratégia não consiga destruí-los totalmente", explica. "A bactéria poderia ser uma arma para reduzir o tamanho deles, sendo combinada a outras terapias que atacariam as células tumorais que não estão sob essa condição de baixo nível de oxigênio." 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qual a sua opinião sobre isso?