terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mulheres avançam pouco no Congresso e perdem governos estaduais


Cidadania


Mulheres serão apenas 10% dos deputados e 13,6% dos senadores no novo Congresso eleito para 2015 


#COMENTÁRIO

Esta reportagem dá-nos a real dimensão de o quanto o brasileiro é excludente. Disfarçadamente, como é peculiar no brasileiro, os diferentes ao meio são excluídos e se forem aceitos é porque há alguma razão muito forte para que o façam.
Com a mulher não é diferente, em âmbitos diferentes elas são elementos diferenciais que podem ser bons ou ruins. Some-se a essa situação desconcertante, a rejeição gratuita das próprias mulheres. Elas próprias não vêm com bons olhos, outra mulher em cargo mandatório.
É uma característica inata do povo brasileiro o fato de excluir diferentes e as mulheres encontrarão grandes dificuldades para superar esse conceito, uma vez que primeiro elas deverão se unir, chegar a um consenso sobre seus objetivos para então dividir as contendas que lhes são de direito. Nada é mais justo que ambos os sexos dividam responsabilidades em igualdades de condições, nada deveria ser excludente, mas sim complementares, porém, a realidade é outra e reafirmamos que ambos os lados discutem situações com escudos levantados e olhares de soslaio...

#Disse

Carlos Leonardo

Fonte: BBC Brasil


#CONVITE

As responsabilidades e direitos não deveriam ser partilhadas de formas iguais entre os sexos?

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Mulheres são 52% dos eleitores do país, mas têm ainda espaço pequeno na política nacional 



Mariana Schreiber - Da BBC Brasil em Londres - 6 outubro 2014

As três candidatas à Presidência da República receberam mais de 67 milhões de votos, o equivalente a 64,5% dos votos válidos na eleição de domingo.

Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Luciana Genro (PSOL) ficaram respectivamente em primeiro, terceiro e quarto lugar, em uma disputa com mais oito homens. O bom desempenho na corrida presidencial, no entanto, não se repete nos demais pleitos. No caso do Congresso Nacional, os brasileiros elegeram apenas 51 deputadas federais mulheres, o que representa 9,9% dos 513 eleitos para a Câmara. O número representa apenas uma pequena melhora em relação a 2010 (45 eleitas). Dos 27 novos senadores, cinco (18,5%) são do sexo feminino. Com isso, serão 11 mulheres senadoras no próximo ano, ou 13,6% do total de 81. Nas eleições para governador, as vitórias masculinas foram ainda mais predominantes. Entre os 13 eleitos no primeiro turno, nenhum é mulher.
Outros 14 governadores ainda serão escolhidos no segundo turno, mas apenas em Roraima há uma candidata na disputa. E a única mulher ainda com chances de se tornar governadora é uma candidata de última hora que está concorrendo porque teve que substituir o marido, considerado "ficha suja" pela legislação eleitoral.
Suely Campos (PP) entrou na disputa em setembro deste ano, a menos de dois meses da eleição, depois que o candidato Neudo Campos (PP) teve o registro de candidatura negado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). É certo, portanto, que haverá uma redução no número de governadoras no próximo ano. Atualmente, há duas no cargo: Roseana Sarney (PMDB-MA) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN). Nenhuma delas estava concorrendo dessa vez.

Cotas
Do total de 176 candidatos ao cargo de governador nesta eleição, apenas 11,4% eram mulheres.
A legislação atual exige que no mínimo 30% do total de candidatos aos cargos de deputado estadual e federal sejam do sexo feminino. O número de eleitas, porém, não chega a esse percentual. Feministas ativistas e acadêmicas ouvidas pela BBC Brasil dizem que as candidaturas femininas recebem menos apoio dos partidos e, por isso, acabam sendo menos competitivas. Proporcionalmente, a região Norte foi a que elegeu mais mulheres para a Câmara dos Deputados. Elas são 15 dos 65 deputados eleitos pelos Estados da região, ou seja, 23% do total. Já a região Sul é a que apresenta percentual mais baixo de deputadas federais eleitas (6,5%), seguida de perto pelo Nordeste (6,6%). Os índices para o Sudeste e o Centro-Oeste são, respectivamente, 9,5% e 9,8%. No caso do Senado, a nova eleição aumentará a bancada feminina em apenas uma parlamentar. Dos 27 novos senadores, cinco são mulheres: Kátia Abreu (PMDB-TO) e Maria do Carmo Alves (DEM-SE) foram reeleitas. Duas atuais deputadas vão substituir senadoras. Rose de Freitas (PMDB-ES) entrará no lugar de Ana Rita (PT-ES), enquanto Fátima Bezerra (PT-RN) ocupará o posto de Ivonete Dantas (PMDB-RN). A quinta eleita é Simone Tebet (PMDB-MS), que é filha de Ramez Tebet, senador de dois mandatos e presidente do Senado entre 2001 e 2003. Com isso, serão 11 mulheres no Senado, apenas 13,6% dos 81 senadores.

Clube do Bolinha
"Candidatas como Marina e Dilma têm trajetórias extraordinárias e são a expressão máxima da exceção. São candidatas que têm forte apoio político, o que não acontece normalmente", observa a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo. "Há muitas mulheres que são lideranças em suas comunidades, mas esse tipo de liderança não é valorizada nos partidos. É o grupo do bolinha. Os convites para candidaturas são feitos em cima da hora apenas para cumprir cota", acrescenta. A socióloga feminista Maria Betânia Ávila destaca a importância de já termos uma mulher na presidência para inspirar outras lideranças femininas. "Isso altera a percepção das mulheres. Mostra que a possibilidade existe, apesar da profunda desigualdade e discriminação da nossa sociedade".
Ela ressalta, porém, que isso não é suficiente para alavancar a participação da mulher na política porque "os partidos são profundamente patriarcais". A socióloga defende uma reforma política que amplie o espaço da mulher.
Sônia Coelho, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, também considera fundamental essa reforma. Ela destaca a importância do financiamento público de campanhas, já que o financiamento privado tem favorecido os homens. "As candidatas não têm acesso a financiamento e não conseguem concorrer em pé de igualdade", afirma.
Ela também defende o voto em lista para deputado, com alternância entre homens e mulheres. Nesse sistema, o eleitor vota no partido, que decide a ordem dos candidatos que serão eleitos.

Deputadas Federais eleitas
Número de mulheres e percentual do total de deputados eleitos em cada Estado:
Tocantins - 3 (37,5%)
Amapá - 3 (37,5%)
Goiás - 2 (25%)
Rondônia - 2 (25%)
Roraima - 2 (25%)
Piauí - 2 (20%)
Pará - 3 (17,6%)
Rio de Janeiro - 6 (13%)
Santa Catarina - 2 (12,5%)
Rio Grande do Norte - 1 (12,5%)
Mato Grosso do Sul - 1 (12,5%)
Distrito Federal - 1 (12,5%)
Acre - 1 (12,5%)
Amazonas - 1 (12,5%)
Minas Gerais - 5 (9,4%)
Ceará - 2 (9,1%)
São Paulo - 6 (8,6%)
Bahia - 3 (7,7%)
Paraná - 2 (6,7%)
Maranhão - 1 (5,6%)
Pernambuco - 1 (4%)
Rio Grande do Sul - 1 (3,2%)

*Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Mato Grosso não elegeram nenhuma deputada.

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