domingo, 16 de novembro de 2014

Divergência sobre apoio ao golpe militar racha ato em SP

Política
  





#COMENTÁRIO

O que era projetado para ser um marco de um levante popular em relação à insatisfação com o rumo da política brasileira, apresentou-se como um ato ínfimo e sem objetividade. Várias vertentes de pensamento, diferentes entre si, mostraram-se infundíveis, cada uma achando seu objetivo mais importante, e consequentemente o que mais marcou foi o racha da manifestação com a separação das caminhadas para lados opostos. Certamente a situação está “se partindo de rir”, não sem motivo. Atos desarticulados com objetivos divergentes tendem a esvaziar um possível movimento contrário ao sistema. Inicialmente proposto com bases sólidas de não violência, com o objetivo de se tornar um movimento pacífico e organizado, deixaram vazar em suas fileiras atos de agressões a opositores declarados, não se sabe se por elementos inflados de suas alas ou de militantes disfarçados para denegrir os objetivos. O certo disso (o acontecimento) é que essa ação isolada só contribuiu para o descrédito da idoneidade da manifestação.
Quem mais perde com tudo isso é o Brasil, certamente as pessoas pensarão muito antes de aderir a qualquer futuro movimento que se diga a favor de melhorias ao País. Os ânimos que começavam a se exaltar tomaram ontem (15/11/14) um balde de água fria em suas aspirações e esperanças. Faltam ainda ao povo brasileiro gotas e gotas de sangue verde/amarelo a correr em suas veias, a tradição de subordinação e não levante, de aceitação faz com que seu sangue esteja cada vez mais vermelho e em meio à nossa tradicional desorganização nata, só resta-nos chorar e reclamar de sermos tocados como “um rebanho”, pois é o que somos!

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

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Segundo a PM, 2,5 mil pessoas foram à avenida Paulista pedir a deposição de Dilma. Entre os presentes estava Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice de Aécio Neves - 16/11/2014

A manifestação contra a presidenta Dilma Rousseff neste sábado em São Paulo foi marcada por um racha. Cerca de 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, reuniram-se no Masp para pedir a queda de Dilma, mas divergiram quanto ao método: parte pedia o impeachment. Outros clamavam pela “ajuda” do exército. Dilma foi reeleita no último dia 26 de outubro com mais de 54 milhões de votos.
A divergência foi tamanha que o ato, após a concentração no Masp, dividiu-se em três, cada um com seu carro de som: uma parte ficou por ali mesmo. Outros marcharam até a Praça da Sé, descendo pela Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. E um terceiro grupo, formado pelos defensores de uma “intervenção militar”, rumou com seu carro de som para o Comando Militar do Sudeste, um quartel do exército ao lado do parque do Ibirapuera.
Alguns políticos marcaram presença na Avenida Paulista: o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves, não discursou mais foi bastante festejado e tirou muitas fotos com admiradores. O deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) estava em um dos três carros de som. Eduardo, flagrado com uma arma na cintura no ato anti-Dilma de primeiro de novembro, desta vez afirmou a jornalistas que estava desarmado. Outro muito assediado pelos presentes foi o ex-comandante da Rota e deputado estadual eleito Coronel Telhada (PSDB-SP). Estava ainda no ato Gilberto Natalini, candidato a governador pelo PV nas eleições deste ano.

Lobão “traidor do movimento"
Um dos líderes e maiores divulgadores da manifestação, o cantor Lobão, evidenciou o racha, ameaçou abandonar o ato e deixou aflitos seus seguidores no Twitter. Chegou a descrever o protesto como “cilada infame”, e complementou: “Chego no Masp e a primeira coisa que vejo é um carro de som com os dizeres ´Intervenção Militar Já!´. Palhaçada!”. A reação foi imediata: o roqueiro foi chamado de “burro”, “petista” e “covarde” por seus seguidores. Depois que a manifestação partiu-se em três, o artista, contudo, mudou de ideia e juntou-se ao grupo que desceu até a Praça da Sé. E tranquilizou seu fãs: “Voltei!”.
Tirando o bate-boca entre as diferentes facções (defensores do impeachment X defensores do golpe militar), o ato transcorreu sem maiores problemas. O único relato na imprensa de agressão é da reportagem do UOL, que presenciou um rapaz de camiseta vermelha sendo agredido (sem gravidade) por dois idosos de verde e amarelo.
As bandeiras tinham em comum o desejo de retirar Dilma do poder imediatamente e o ódio a Lula, ao PT, ao Foro de São Paulo, a Cuba, a Venezuela, ao bolivarianismo, ao comunismo e a qualquer coisa “de esquerda”. Cartazes saudavam Olavo de Carvalho, as Forças Armadas, a revista Veja e o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Também havia muitas menções à operação Lava-Jato e à Petrobras. Havia ainda críticas a alguns veículos de comunicação em faixas e cartazes. Jornalistas do Grupo Folha, por exemplo, foram chamados de “imprensa petralha”.
O dress-code do ato era usar cores da bandeira do Brasil. Quem não vestia camisas da seleção, trajava alguma outra peça verde, amarela ou azul. Foram distribuídas fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, e camelôs vendiam bandeiras do Brasil. Marcaram presença também bandeiras do Estado de São Paulo, empunhadas por jovens tatuados com camisetas aludindo à Revolução de 32 ou pedindo a “volta do CCC”, o Comando de Caça aos Comunistas, organização paramilitar responsável por espancamentos e mortes durante a ditadura militar.
Na trilha sonora do protesto, músicas como Reunião de Bacana, do Fundo de Quintal (“Se gritar pega ladrão...”), Até Quando Esperar (Plebe Rude) e o Hino Nacional.
Teve também um Pai-Nosso puxado do alto do carro-de-som mais potente por um padre não identificado. Antes de começar a rezar o homem de batina discursou contra “o crescimento do Islã no Brasil”, contra o “gayzismo”, “pela família” e concluiu afirmando que um golpe militar “ainda não é necessário”.

Em outras cidades
Neste feriado de Proclamação da República, outros atos aconteceram no Brasil afora. A adesão, contudo, foi bem inferior a São Paulo. Em Porto Alegre eram “centenas” de manifestantes, segundo o jornal Zero Hora; em Belo Horizonte a Polícia Militar estimou em 600 os presentes; em Brasília, um pequeno grupo se reuniu em frente ao Congresso Nacional.

No Rio de Janeiro a PM falou em 150 manifestantes em Copacabana. Na capital carioca a estrela foi o deputado federal Jair Bolsonaro. Primeiro o parlamentar “denunciou” o plano do governo para “impor o socialismo no nosso País”, para em seguida afirmar: “O socialismo é o nome de fantasia para o comunismo”. E concluiu: “são poucos [os manifestantes], mas valem pela qualidade”.

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