sábado, 6 de dezembro de 2014

Um quarto dos que reduzem estômago volta a ficar obeso


Saúde

  



#COMENTÁRIO

Um grande problema que está se alastrando pelo continente americano. Sempre houve casos de obesidade, porém hoje, com a disseminação no uso dos fast foods que inicialmente eram para atender emergências de tempo, a assunção da cultura de embutidos e enlatados industriais, onde sobram conservantes e outros químicos que compõe esse tipo de alimentação, era de se esperar um resultado desses a que estamos deparando.
Aliada da falta de persistência nos controles de ingestão, de exercitar o corpo para consumir tudo o que se comeu, o vício de comer e comer mal, tão natural nos americanos, tornou-se moda aqui no Brasil, e o resultado está aí. Cirurgias e cirurgias corretivas, que talvez não tivessem necessidade se os hábitos alimentares e de exercícios físicos fossem outros, estão se multiplicando cada vez mais e o pior, se tornando modismo.

#Disse

Carlos Leonardo



#CONVITE

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CLÁUDIA COLLUCCI - SÃO PAULO - 06/12/2014

Um quarto dos pacientes que fazem cirurgia bariátrica reganha peso e pode ter indicação para ser reoperado, aumentando os riscos de complicações pós-cirúrgicas. A principal delas é a fístula, o rompimento dos grampos usados na redução do estômago. O risco passa de 1%, após a primeira cirurgia, para 13%, depois da segunda. As reoperações para a redução de peso e as complicações foram discutidas em congresso de cirurgia bariátrica que ocorreu na semana passada no Rio de Janeiro. O Brasil é o vice-campeão mundial em cirurgias bariátricas, com cerca de 80 mil procedimentos por ano (10% feitas no SUS), atrás apenas dos EUA, com 140 mil.
Segundo os especialistas, é esperado ganhar até 10% do peso perdido na cirurgia bariátrica. Por exemplo: se a pessoa perdeu 50 kg, é normal que ela ganhe 5 kg. O sinal vermelho acende quando o reganho de peso é maior, chegando a 50% ou mais. Pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) com 80 pacientes que tinham sido operados havia mais de dois anos mostrou que 23% engordaram além do esperado.
Outro estudo da Universidade Federal de Alagoas com 64 obesos operados revelou que, cinco anos após a bariátrica, 28% estavam obesos. "O problema é que, além dos quilos a mais, o obeso volta a ter os mesmos fatores de risco, como hipertensão e diabetes", diz o cirurgião Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Segundo ele, a principal razão que leva ao reganho é a não aderência do paciente a um novo estilo de vida, que inclui dieta equilibrada e prática regular de exercícios.
"A cirurgia não faz milagre. O paciente precisa aderir a um programa multidisciplinar, com nutricionista, psicóloga. Se ele não cumprir esse acordo, o estômago vai dilatar e ele vai ganhar peso." O Spa Med, em Sorocaba (SP), tem ao menos 150 pacientes nessas condições: fizeram cirurgias de redução de peso e praticamente já ganharam quase todo peso perdido. Alguns são reoperados. "No começo, eles restringem [alimentos calóricos], mas depois vão driblando as barreiras, tomam milkshake, comem chocolate, pipoca, bebem e, quando se dão conta, estão obesos de novo", conta Lucas Tadeu Moura, endocrinologista do spa. Muitos desses pacientes, explica o médico, apresentam deficiência de vitaminas, como a B12. A falta desse nutriente pode levar à anemia grave e contribuir para danos cardíacos e neurológicos. O empresário Antônio, 46, fez redução do estômago há quatro anos, com 195 kg. Hoje pesa 170 kg, tem diabetes e hipertensão. "Dieta e exercício não funcionam comigo."
Outro estudo apresentado no congresso do Rio mostrou que 80% dos obesos à espera da cirurgia bariátrica em um serviço de saúde tinham transtornos psiquiátricos (de humor e de ansiedade).
"Isso tem que ser tratado antes da cirurgia. Não adianta colocar a carroça na frente dos bois", diz Ramos.
Segundo Lucas Moura, é frequente também o paciente trocar a comida pela bebida, tornando-se alcoólatra.
"É complicado. Ele faz a cirurgia, acha que está curado e some do radar do médico."

VICIO
Obeso desde sempre. É como o engenheiro João, 56, se autodefine. "Fui um bebê Johnson, cheio de dobrinhas. Na infância e na adolescência, sempre fui gordinho."
Na década de 1980, João atingiu 250 kg e decidiu ir morar em um spa. Após um ano de restrições alimentares e exercícios físicos diários, chegou aos 90 kg. "Foi a melhor época da minha vida."
Mas, aos poucos, foi ganhando peso de novo até bater nos 200 kg. "Já viu, né? Família de italianos, tudo gira em torno de comida. Brincando, eu comia duas, três pizzas", conta. O pai e os irmãos também são obesos. Na década de 1990, João fez duas cirurgias bariátricas. Em ambas ocasiões, conseguiu chegar aos 130 kg. Hoje está com quase 200 kg e não pretende fazer uma nova cirurgia por contas dos riscos de um terceiro procedimento.
"Obeso é como alcoólatra, não pode chegar perto de comida. A gente opera, mas a cabeça continua igual. Eu sei que me alimento de forma errada, como muito pão e massa. Deveria levar a reeducação alimentar a sério, mas não consigo." Ele também diz ter dificuldades em praticar exercícios físicos em razão do inchaço nas pernas, provocado por uma infecção de pele grave. Apresenta ainda deficit de vitamina B12, ferro e cálcio, o que o fez perder os dentes. "Minha pele está seca, as unhas descamadas. Além de não emagrecer, fiquei com muitas sequelas. Comigo não deu certo", relata o engenheiro, que mantém acompanhamento psiquiátrico. 


 

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